quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Happy - O Cachorro Gato

Olássssss!

Depois de 3 dias de bode e d.r.s esclarecidas estou me sentindo melhor.

Hoje também não vou postar momentos tão felizes, ou também podem ser, depende do ângulo em que o fato for abordado.

No dia 1⁰ de novembro, o Happy nosso cachorro, o primeiro pet a fazer parte da nossa família, virou uma estrelinha.

É muito chato falar disso, mas eu preciso colocar pra fora oque tenho sentido a respeito, principalmente, por que o Happy, era um senhor de 105 anos. Tive que fazer esse paralelo, para tratar da paciência que temos com os idosos.

A única pessoa que tinha de fato,  paciência, com a velhice dele, era a minha sogra.

Mas vejam bem: não estou falando de maus tratos, de falta de cuidado. Não é nada disso.

Estou falando de atenção, por que geralmente não temos paciência com os mais velhos, sejam bichinhos ou gente como agente.

Eu e o Carlos ensinamos para as crianças que temos que amar e respeitar os mais velhos. Todavia, os nossos ensinamentos não nos pouparam de situações embaraçosas, como por exemplo: um dia, o Pedro tinha 3 anos e chamou o Tio Michel de velho (ele ficou muito bravo, e com razão!);E depois falou que uma outra senhora era fedida (oque não era mentira, mas ele não precisava ser dito... Mas ele era um bebê... Mesmo assim, a senhora achou o comportamento dele um absurdo...)

Enfim, sempre amamos e respeitamos nossos avós, tios, tias, e estranhos. Ser/estar velho é sinônimo de experiencia de vida, conhecimento do tempo e prelúdio da alma.

Eu me lembro que quando ia para Ouro Fino, meu pai me levava na casa da Tia Marlene (irmã da Vó Mafalda, vulgo Petita, mãe do meu pai) para ver o Biso Antônio. Chegando lá eu e meu irmão, eramos obrigados a pedir benção pra ele e eu achava aquilo um Ô!

Hoje dou risada. Aquele velhinho lindo, estendia a mão pra gente, com uma solenidade!

AH! E tinha a Bisa Lídia... Gente ela era um sarro. Essa sim deveria ter sido batizada de Sincera.  Ela era tão sincera, que meu avó Aramis, surtava com as observações tão peculiares, tipo, o tamanho dos meus dentes (que eram tortos mesmo e grandes); a quantidade de comida do meu prato (e era aqui que meu avô, bradava, "Coma, coma! Está na mesa é pra comer! Sou eu que compro esta comida" e torcia o bigode de raiva); do meu tamanho GG... O pior é que ela era surda, mas parecia que era mentira. De alguma maneira ela sabia de tudo que falávamos.

Uma vez, minha Vó Netty estava pendurando roupa no varal e assoviava uma canção folclórica alemã e na parte que ela parou, a bisa entra e termina a música! Como assim???? Até hoje, está história é um mistérioooooooo! (como dizia, Dona Milu...)

Quando entrei na faculdade, morei um ano com os meus avós e não era raro eu acordar de madrugada e ela estar parada na porta do meu quarto, segurando a maçaneta e mastigando a boca... Era um filme de terror... kkkkkkkkkkkkkk

As vezes, ela pedia pra eu raspar a barba dela com gilete. Aquela pele fininha e enrugada que dava medo de rasgar com o movimento do aparelho de barbear, aiiiii!

E hoje sinto saudade e acho tão romântico este tipo de cena nostálgica. (menos ela na porta do meu quarto!)

Mas, sinceramente, são muito poucas as pessoas que tem paciência com os idosos.

E foi assim com o Happy nos últimos tempos.

Primeiro que ele não podia ficar dentro de casa, pois o Felipe não tinha imunidade pra ficar pisando no chão que o cachorro pisava e deitava: ele estava soltando muito pelo, por conta de dermatite.

Na realidade o veterinário falou que ele não poderia usar nem uma espécie de coberta ou endredon, (pois as pessoas, nos dias de hoje, tratam os animais como gente) que era pra colocarmos um papelão para ele deitar. Tá bom! O Carlos até que tentou!

Ele ficava rodeando a casa sem parar e só sossegava na cozinha, ai volto na questão do pelo... O militante na luta contra os pelos do Happy era o Pedro. Ele não comia se visse um pelo na cozinha, e ai eu tinha que rebolar pra casa não cair.

Para dormir se ele não ficasse na cozinha ou na sala, ele passava a noite rodeando a casa, e apenas umas duas noites de calor conseguimos que ele dormisse fora.

Ele passou a avançar na Vi e no Nicolas, se eles fossem impedir de deixa-lo entrar e sair da onde ele queria estar ou ficar.

Mas acho que ele fazia isto, por que não enxergava mais mesmo...

E também vivia literalmente, no meio das pernas da gente! Com isso eu ficava muito brava, por que cheguei a me machucar, pra não machucá-lo.

E ai era a frase da temporada, "Happy sai dai!", que na verdade acho que ele não entendia.

Se eu ia pra rede com o Felipe, ele deitava embaixo da minha bunda.

Ele ficou pacato, não era mais aquele cachorro gato, como dizia minha amiga Raquel.

Quem conheceu aquele cachorro maluco, que destruía minhas plantas e vasos; comia tudo que via pela frente (aqui com a colaboração da Bela); que corria com o Carlinhos treinando pra São Silvestre; que escalou o muro pra tirar onda na casa do vizinho que tinha piscina e jardim gramado (porque ele estava enjoado do cimentado); do caçador de gatos (que apesar de ter o sangue deles na veia, não admitiu isso até o fim); do comedor de fraldas sujas (até as do Felipe); do remexedor de lixo... eca!, e por ai a fora... Ele era um misto de traquinagem, safadeza e muito amor.

Nunca mordeu nenhum de nós, nem avançou. (como eu disse, no fim, acho que ele não sabia mais oque estava fazendo). Ele era o nosso guarda, nosso segurança, apesar do porte pequeno ele nos protegia e nos amava.

No feriado de finados viemos para SP. E no domingo de manhã, meu sogro ligou e pediu pra gente voltar que ele não estava bem.

Na manhã deste mesmo dia ele deu um grito tão agudo que nem meu sogro e minha sogra, nem minha cunhada sabiam oque ele estava sentindo, mas tenho certeza que ele estava mandando eles nos chamarem pra ele se despedir.

Chegamos, ele estava deitado, enrolado nos paninhos. Conversamos com ele, e eu e o Carlos tentamos dar água pra ele. Lambiscou. Demos dipirona para tentar minimizar a dor.

Ai eu conversei com ele. Falei que já estávamos lá e que ele poderia descansar.

E foi ai que senti a presença da Bela. Latindo, abanando o rabo, chamando para ele sair e largar aquele corpo cansado e debilitado. "Venha, vamos brincar!" Ela chamava.

E ai, a família reunida em torno dele, falei se eles sabiam quem estava lá, e o Nicolas chorando balançou a cabeça e falou "A Bela", então tive certeza que eu não estava louca.

Nos despedimos dele e sabíamos que era uma questão de tempo.

Fui pra quarto e eles (o Happy e a Bella) vieram me falar que tinha terminado. O Happy estava livre pra voltar a vida de gato.

Em seguida o Pedro veio me falar que ele tinha partido.

Quando peguei o Happy, numa caixa de sapato, na frente do açougue, coberto de sarnas, todos me falaram que ele não iria viver. Foram 15 anos ao nosso lado, da nossa parte com mais erros do que acertos, da parte dele fidelidade até o fim.

Da mesma maneira que ele chegou, em uma caixa,  foi devolvido pra Deus. Embrulhadinho, parecia estar dormindo.

E só ficou em nossos corações a saudade e a certeza que ele de fato descansou.

A moral da história é que a paciência com os idosos sejam bichinhos ou humanos, devem ser a mesma.

Quando agente é criança e mesmo na nossa vida adulta, muito pouco nos preparamos para envelhecer e para a velhice. Sei do que estou falando, porque tenho meu pai e meu sogro, ambos com os cabelos bem brancos. E as vezes não temos paciência mesmo! E as vezes procuro no meu pai, o pai de quando eu era criança... Quase sempre dói. E eu também estou envelhecendo.

Tratar com respeito e dignidade aqueles que um dia nos serviram de alguma maneira deveria ser lei.

Amanhã vamos caminhar na mesma estrada, e te pergunto: Como você quer ser tratado?

Pense nisso.

Beijos,

Dani Nunes










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