Pois é pessoal, mais um final de semana que se vai.... Estamos chegando em dezembro e naquela loucura, loucura, loucura o ano está acabando.
Começam as reuniões familiares para decidir as comidinhas do natal ( e convenhamos: passa ano e chega ano, o cardápio não muda! Quem faz tal prato, todo ano faz aquilo. Minha mãe todo ano é compelida a fazer: Farofa e creme de milho- aí, a família vai crescendo e a quantidade de latas que são utilizadas na receita também!).
Eu adoro o Natal. Mas desde 2001, ele não tem mais o cheiro que tinha...
Minha avó, era apaixonada pelo Natal. Se tinha uma data que transformava tudo ao nosso redor era isto.
Começava-mos a organizar as listas de compra. As listas de presente. Iamos ao bazar Débora, porque a minha avó comprava a maioria dos presentes dos adultos lá. Sabe aquele sistema de crediário em caderninho? A minha avó fazia compra assim em pleno século XXI.
Depois iamos ao Walmart, Carrefour e ao Pastorinho, comprar todos os ingredientes que ela precisava para preparar os mais diversos tipos de biscoitos: de mel, de frutas cristalizadas, de amendôas, de laranja com farinha de milho, goiabinha, limão, o de cocô era divino...
Eu adorava ajudar a minha avó a fazer os biscoitos. Participava de todo o processo.
Amassava, abria a massa, cortava com o cortador para biscoitos...
Era o meu deleite...
E foi assim até o nosso último natal, só que não chegamos a fazer os biscoitos...
Eu estava grávida do Pedro, com um barrigão de oito meses. O Pedro é o segundo bisneto por parte da família da minha mãe.
Todo mundo estava muito feliz. Minha avó estava fazendo os casaquinhos de lã para ele.
Era dia 12 de dezembro de 2001, eu fui fazer o exame de pré natal e liguei prá ela prá contar que o Pê tinha cara de armênio, que era narigudinho... Demos risada, e ela falou que ele tinha prá quem puxar (o pai). Falei que se desse tempo passava lá mais a noite, mas como estava na correria para entregar algumas encomendas e estava fazendo bazar de natal, não deu muito certo.
Ela passou a tarde com minha tia Denise (irmã caçula dela), com meu avô, Tio Sérgio e meu primo Theo, que moram em Assis, e todo fim de ano vinham prá cá para as festas de Natal.
Ficou tricotando um casaquinho verde pró Pedro.
Mas a noite, ela passou mal e morreu. Assim, só morreu.
O resgate ainda tentou reanimá-la, mas não adiantou. Ela tinha ido embora.
Não participei do transtorno desta noite.
Por causa da minha gravidez, todo mundo ficou com medo de me contar.
No dia seguinte, 6:30 da manhã, minha mãe aparece na minha casa prá me contar, junto com minha prima enfermeira.
Meu mundo caiu.
Fui pra casa dela e o tricô tava lá no cantinho do sofá.
Entrei no quarto dela e meu avó sentado na cadeira olhando pro vazio.
Deitei na cama deles, peguei o travesseiro dela e chorei, chorei.
Naquele 12 de dezembro fez chuva e sol.
Escrevo isto e estou chorando, por que a saudade ainda doí.
O ano passado meu avó partiu.
Só ficou o "buraco" da ausência dos dois.
Agora todos os natais, eu me pergunto se os meus filhos vão desfrutar dos natais que eu tinha.
Se eles ainda vão sentir o cheiro daqueles natais...
Eu agradeço o privilégio de ter sido neta da Jeanette e do Aramis.
Eu os amava demais!
Mas sabe, apesar de toda a dor esta história tem um final feliz: a dois anos atrás, eu procurava as receitas de biscoito de minha avó e a maioria delas está escrita em alemão.
Mas um dia, como se fosse um presente, achei um livrinho do Dr. Otker (aquele mesmo, do fermento) de 1930. E ali fui visualizando todas as receitas da minha avó. Na realidade ela dava nome diferentes aos biscoitos, mas eram aqueles mesmos... Acho que o Senhor me mandou um presente, que ela pediu para ele me entregar: ela queria que eu continuasse a fazer os biscoitos.
Este ano mais uma vez, eu não vou conseguir fazer.
Mas o ano que vêm, vou ter quatro ajudantes e juntos vamos recomeçar o natal com cheiro de biscoitos.
eu adorei o seu blogger mae
ResponderExcluirSim, Dona Janete era especial. Também me emocionai lendo. Bjos
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